A USE Intermunicipal de São Bernardo do Campo promoverá no mês de Setembro, a Jornada Espírita Pela Valorização da Vida, que nasceu com o intuito de trazer luz ao tema do suicídio através dos conceitos consoladores da doutrina espírita, capacitando trabalhadores e centros espíritas para tratarem desse tema.
A jornada será composta pela realização de palestras no mês de Setembro, conhecido como “Setembro Amarelo”, em diversos centros espíritas, tratando sobre o valor da vida. Divulga Conesbc: No dia 4 de Agosto, realizaremos a Pré-Jornada um evento de preparação e capacitação para os dirigentes, trabalhadores espíritas e demais interessados.
Este ano o nosso FEMESBC – Festival de Música Espírita de
São Bernardo do Campo entraria em sua 6ª Edição…
Entraria se continuasse a ser FEMESBC, do Conselho Espírita de São Bernardo do Campo, mas tudo precisa
evoluir, sabemos bem disso.
O Conselho agora é U.S.E. Intermunicipal de São Bernardo do
Campo – órgão da União das
Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo – USESP. Maiores detalhes
poderão ser obtidos no site www.conesbc.org.br.
Unimo-nos aos nossos colegas de
ideais engajados na Causa que é do Cristo!
Assim, o nosso querido Festival,
que nasceu acanhado e vinha se desenvolvendo, também precisava de mudança,
crescimento e união.
E como a criança que precisa da
orientação dos pais para crescer e se tornar um “homem de bem” nossas atividades da seara espírita precisam prestar
mais atenção às orientações que todos já temos através da Codificação de Allan
Kardec.
“Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”
Não apenas os Expositores, mas
também todos os tarefeiros da Seara, seja qual for sua tarefa, são semeadores
da Boa Nova do Cristo e, o artista espírita, seja da música, da pintura, do
teatro etc.) não estão de fora.
Assim é que as nossas tarefas
espíritas, sejam quais forem, devem ensinar a Boa Nova a fim de trazer a quem
necessita o auxílio, a consolação. E para ensinar tem que saber, o estudo da
Doutrina, através das obras básicas é fundamental.
A arte é uma ferramenta que também
precisa ser aprendida e praticada para que transmita a sua beleza. Não nos
esquecendo que os “dons” são
conquistas de aprendizados anteriores.
Isso quer dizer que a arte
espírita tem que ser somada ao conhecimento da doutrina espírita, pois que a
arte espírita deve semear a Boa Nova.
Diante de tudo o nosso festival
também precisava mudar e, partir desse ano, daremos início ao FACESBC – Festival de Arte e Cultura
Espírita de São Bernardo do Campo, para mostrar não só a música, mas também
integrar os diversos tipos de arte (música, teatro, pintura, poesia, literatura,
etc)
No entanto, a arte do FACESBC é espírita, essencialmente.
Então ela tem que ensinar, consolar, auxiliar, alegrar. Ela tem um objetivo,
que está longe das finanças e da fama e muito mais perto do “Deixa tudo que tem
e Segue-me” do Cristo.
Livro Obras póstumas, Allan
Kardec:
– “As artes não sairão de seu
torpor senão por uma reação para as idéias espiritualistas.”
“ O Espiritismo, moralizando os homens, exercerá, pois, uma grande
influência sobre a música.”
“Espíritas, patrocinem a música espírita: ouçam, componham, toquem e
cantem músicas espíritas. Mas que ela seja ato de caridade da parte do músico
espírita, tal como na “mediunidade com Jesus”, sem benefícios
financeiros e privilégios individualistas.
Estamos em um momento crucial da
transição planetária, o sofrimento de espraia entre os corações e os pedidos de
socorro nos convocam à prática urgente da lei de amor: “Amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.
A tarefa do Espiritismo nessa era
de regeneração é essencial e a arte e cultura espírita são de imenso e
importantíssimo valor.
“Espíritas, amai-vos e instruí-vos”
O formato do festival também
muda, assim, o FACESBC surge com
temas a serem abordados pelas artes à luz do Espiritismo.
Não haverá mais premiações como
antes, o prêmio será a participação no Evento final a ser realizado, de
preferência, em ambiente espírita.
A escolha dos trabalhos será
feita por comissão indicada pela USESBC.
O tema para a primeira edição
será VALORIZAÇÃO DA VIDA.
O Evento final deverá ocorrer no
dia 19/10/2019, no IAM – Instituição
Assistencial Meimei, na Rua Francisco Alves, 275, Paulicéia, São Bernardo do Campo,
SP.
Demais informações, regulamento e cronograma serão
divulgados oportunamente.
Abaixo destacamos todo o capítulo
do livro Obras Póstumas, de Allan Kardec, para fins de estudo e reflexão.
LEITURA PARA REFLEXÃO:
Obras póstumas, Allan Kardec
Influência
perniciosa das idéias materialistas sobre as artes em geral; sua
regeneração pelo Espiritismo
Leu-se
no Courrier
de Paris du Monde Illustré, de 19 de dezembro de 1868:
“Carmouche
escreveu mais de duzentas comédias e comédias musicadas, e é muito justo se o
nosso tempo sabe o seu nome. É que ela é terrivelmente fugaz, essa glória
dramática que excita tanto a cobiça. A menos que haja assinado obras primas excepcionais,
acha-se condenado a ver o seu nome cair no esquecimento, logo que se deixe de
combater.
Durante
a luta mesmo, ignora-se o maior número. O público, com efeito, não se preocupa,
quando olha o cartaz, senão com o título da peça; pouco lhe importa o nome
daquele que a escreveu. Tentai vos lembrar de quem assinou tal ou tal obra
encantadora, da qual guardastes a lembrança; quase sempre estareis na
impossibilidade de vos responder. E quanto mais avancemos, tanto mais isso será
assim: as
preocupações materiais se substituem, cada vez mais, às preocupações
artísticas.
“Carmouche,
precisamente, contava a esse respeito uma anedota típica. Meu alfarrabista,
dizia ele, com quem eu conversava acerca de meu pequeno comércio, assim se exprimia:
Isso não vai mal, senhor; mas isso se modifica; não são mais os mesmos artigos
que se debitam. Outrora, quando eu via vir a mim um jovem de dezoito anos, nove
sobre dez vezes era para me pedir um dicionário de rimas: hoje, é para me pedir
um manual de operações da bolsa.”
Se
as preocupações materiais se substituem às preocupações artísticas, isso,
talvez, possa ser de outro modo quando se esforça por concentrar todos os
pensamentos do homem sobre a vida carnal e destruir, nele, toda esperança, toda
aspiração além desta existência? Essa conseqüência é lógica, inevitável, para
aquele que não vê nada fora do pequeno círculo efêmero da vida presente. Quando
não se vê nada atrás de si, nada diante de si, nada acima de si, sobre o que pode
concentrar o pensamento se não for sobre o ponto onde se encontra? O sublime da
arte é a poesia do ideal que nos transporta para fora da esfera estreita de
nossa atividade; mas o ideal está precisamente nessa região extramaterial onde
não se penetra senão pelo pensamento, que a imaginação concebe se os olhos do
corpo não a percebem; ora, que inspiração o Espírito pode haurir no espírito do
nada? O pintor que não tivesse visto senão o céu brumoso, as estepes áridas e
monótonas da Sibéria, e que cresse que ali está o Universo, poderia conceber e
descrever a luz e a riqueza de tom da natureza tropical? Como quereis que os vossos
artistas e os vossos poetas vos transportem para as regiões que não vêem por
seus olhos da alma, que não compreendem e nas quais mesmo eles não crêem?
O
Espírito não pode se identificar senão com aquilo que sabe, ou que crê ser uma
verdade, e essa verdade, mesmo moral, torna-se para ele uma realidade que
exprime tanto melhor quanto a sente melhor; e então, se à inteligência ele
junta a flexibilidade do talento, faz passar as suas próprias impressões nas
almas dos outros; quais impressões, contudo, pode provocar aquele que não as
tem?
A
realidade, para o materialista, é a Terra: seu corpo é tudo, uma vez que fora
dele nada há, uma vez que mesmo o seu pensamento se extingue com a
desorganização da matéria, como o fogo com o combustível. Ele não pode
traduzir, para a linguagem da arte, senão o que vê e o que sente; ora, se não vê
e não sente senão a matéria tangível, não pode transmitir outra coisa. Onde não
vê senão o vazio, não pode nada haurir.
Se
se aventura nesse mundo desconhecido para ele, ali entra como um cego e, apesar
de seus esforços para se elevar ao diapasão do ideal, permanece sobre o
terra-a-terra como um pássaro sem asas.
A
decadência da arte, neste século, é o resultado inevitável da concentração das
idéias sobre as coisas materiais, e essa concentração, a seu turno, é o
resultado da ausência de toda crença na espiritualidade do ser. O século não
colhe senão o que semeou. Quem semeia pedras não pode recolher frutas.
As
artes não sairão de seu torpor senão por uma reação para as idéias
espiritualistas.
E
como o pintor, o poeta, o literato, o músico, poderiam ligar seu nome a obras
duráveis, quando, para a maioria, não crêem eles mesmo no futuro de seus
trabalhos; quando não percebem que a lei do progresso, essa força invencível
que arrasta atrás de si os Universos sobre os caminhos do infinito, lhes pede
mais que pálidas cópias de criações magistrais dos artistas do tempo passado.
Lembra-se dos Fídias, dos Apeles, dos Rafaéis, dos Migueis Ângelos, faróis
luminosos que se destacam na obscuridade dos séculos decorridos, como brilhantes
estrelas no meio de profundas trevas; mas quem pensa anotar o clarão de uma
lâmpada lutando contra o brilhante Sol de um belo dia de verão?
O
mundo caminha a passos de gigante desde os tempos históricos; as filosofias dos
povos primitivos se transformaram gradualmente. As artes, que se apóiam sobre
as filosofias, que delas são a consagração idealizada, deveram elas também se
modificar e se transformar. É matematicamente exato dizer que, sem crença, as
artes não têm, vitalidade possível, e que toda transformação filosófica conduz,
necessariamente, a uma transformação artística paralela.
Em
todas as épocas de transformações, as artes periclitam, porque a crença sobre a
qual se apóiam não é mais suficiente para as aspirações aumentadas da Humanidade,
e que os princípios novos, não sendo ainda adotados de maneira definitiva pela
grande maioria dos homens, os artistas não ousam explorar, senão hesitantes, a
mina desconhecida que se abre sobre os seus passos.
Durante
as épocas primitivas, em que os homens não conheciam senão a vida material,
onde a filosofia divinizava a Natureza, a arte procurou, antes de tudo, a
perfeição da forma. A beleza corpórea era, então, a primeira das qualidades; a
arte dedicou-se a reproduzi-la, a idealizá-la. Mais tarde, a filosofia entrou
num caminho novo; os homens, progredindo, reconheceram, acima da matéria, uma
força criadora e organizadora, recompensando os bons, punindo os maus, fazendo
da caridade uma lei, um mundo novo, um mundo moral se edifica sobre as ruínas
do antigo mundo.
Dessa
transformação nasceu uma arte nova, que fez palpitar a alma sob a forma e
acrescentou, à perfeição plástica, a expressão de sentimentos desconhecidos dos
antigos.
O
pensamento viveu sob a matéria; ele, porém, revestiu as formas severas da
filosofia cuja arte inspirava. Às tragédias de Ésquilo, aos mármores de Milo,
sucederam as descrições e as pinturas de torturas físicas e morais dos
condenados. A arte se eleva; reveste um caráter grandioso e sublime, mas sombrio
ainda. Está, com efeito, toda inteira na pintura do inferno e do céu da Idade
Média, de sofrimentos eternos, ou de uma beatitude tão longe de nós, colocada
tão alto, que nos parece quase inacessível; talvez seja porque esta última nos toque
tão pouco quando a vemos reproduzida sobre a tela ou sobre o mármore.
Hoje
ainda, ninguém poderia contestá-lo, o mundo está num período de transição,
sacudido entre os hábitos antiquados, as crenças insuficientes do passado, e as
verdades novas que lhe são progressivamente reveladas.
Como
a arte cristã sucedeu a arte pagã transformando-a, a arte espírita será o
complemento da transformação da arte cristã. O Espiritismo nos mostra, com
efeito, o futuro sob uma luz nova e mais ao nosso alcance; por ele, a
felicidade está mais perto de nós, está ao nosso lado, nos Espíritos que nos cercam
e que jamais deixaram de estar em relação conosco.
A
morada dos eleitos, a dos condenados, não estão mais isoladas; há solidariedade
incessante entre o céu e a Terra, entre todos os mundos de todos os Universos;
a felicidade consiste no amor mútuo de todas as criaturas chegadas à perfeição,
e numa constante atividade tendo por objetivo instruir e conduzir, a essa mesma
perfeição, aqueles que estão atrasados. O inferno está no próprio coração do
culpado que encontra o castigo nos seus remorsos, mas não é eterno, e o mau,
entrando no caminho do arrependimento, reencontra a esperança, este sublime
consolo dos infelizes.
Que
fontes inesgotáveis de inspiração para a arte! Quantas obras-primas, de todos
os gêneros, as idéias novas não poderiam produzir, pela reprodução das cenas
tão múltiplas e tão variadas da vida espírita! Em lugar de representar os despojos
frios e inanimados, ver-se-á a mãe tendo ao seu lado a sua filha querida, na
sua forma radiosa e etérea: a vítima perdoa o seu carrasco; o criminoso fugindo
em vão do espetáculo, sem cessar renascente, de suas ações culposas! O isolamento
do egoísta e do orgulhoso, no meio da multidão; a perturbação do Espírito
nascendo na vida espiritual, etc., etc.; e se o artista quer se elevar acima da
esfera terrestre, nos mundos superiores, verdadeiros Édens onde os Espíritos avançados
gozam da felicidade adquirida, ou reproduzir
algumas cenas dos mundos inferiores, verdadeiros infernos onde as
paixões reinam soberanas, quantas cenas emocionantes, quantos quadros
palpitantes de interesse não haverá para se reproduzir!
Sim,
certamente, o Espiritismo abre à arte um campo novo, imenso e ainda
inexplorado; e quando o artista reproduzir o mundo espírita com convicção,
haurirá nessa fonte as mais sublimes inspirações, e o seu nome viverá nos
séculos futuros, porque às preocupações materiais e efêmeras da vida presente,
substituirá o estudo da vida futura e eterna da alma.
A música espírita
Recentemente,
na sede da Sociedade Espírita de Paris, o Presidente me deu a honra de pedir a
minha opinião sobre o estado atual da música e sobre as modificações que lhe poderiam
trazer a influência das crenças espíritas. Se não me entreguei em seguida a
esse benevolente e simpático pedido, crede-o bem, senhores, que só uma causa
maior motivou a minha abstenção.
Os
músicos, meu Deus! são homens como os outros, mais homens talvez, e, a esse
título, são fracos e pecáveis. Não fui isento de fraquezas, e se Deus me fez a
vida longa, a fim de me dar o tempo de me arrepender, a embriaguez do sucesso, a
complacência dos amigos, a bajulação dos aduladores, freqüentemente, disso me
retiraram a possibilidade. Um maestro é uma força, neste mundo onde o prazer desempenha
tão grande papel. Aquele cuja arte consiste em seduzir os ouvidos, a comover o
coração, vê muitas armadilhas se criarem sob os seus passos, e nelas cai, o infeliz!
Embriaga-se com a embriaguez dos outros; os aplausos lhe tapam os ouvidos, e
vai direto ao abismo, sem procurar um ponto de apoio para resistir ao
arrastamento.
Entretanto,
apesar dos meus erros, eu tinha fé em Deus; acreditava na alma que vibrava em
mim e, desligado de sua carga sonora, ela depressa reconheceu-se no meio das harmonias
da criação e confundiu a sua prece com aquelas que se elevam da Natureza ao
infinito da criação, ao Ser incriado!….
Estou
feliz pelo sentimento que provocou a minha vinda entre os espíritas, porque foi
a simpatia que a ditou, e, se a curiosidade de início me atraiu, é ao meu
reconhecimento que devereis a minha apreciação da questão que me foi colocada.
Eu
estava lá, prestes a partir, crendo tudo saber, quando o meu orgulho caindo me
revelou minha ignorância. Eu permanecia mudo, e escutava: retornei, instruí-me,
e quando, às palavras de verdade emitidas pelos vossos instrutores, se juntaram
a reflexão e a meditação, eu disse a mim: O grande maestro Rossini, o criador
de tantas obras de arte, segundo os homens, não fez, ai de mim! senão debulhar
algumas das pérolas menos perfeitas do escrínio musical criado pelo Mestre dos
mestres. Rossini juntou notas, compôs melodias, saboreou no copo que contém
todas as harmonias; furtou algumas centelhas ao fogo sagrado, mas esse fogo
sagrado, nem ele nem outros não o criaram! . Não inventamos nada: copiamos do
grande livro da Natureza e a multidão aplaude quando não deformamos muito a
partitura.
Uma
dissertação sobre a música celeste! Quem poderia disso se encarregar? Que
Espírito sobre-humano poderia fazer vibrar a matéria em uníssono dessa arte
encantadora! Que cérebro humano, que Espírito encarnado poderia dela apreender
as nuanças variadas ao infinito?… Quem possui, nesse ponto, o sentimento da
harmonia?… Não, o homem não está feito para semelhantes condições!… Mais
tarde?… bem mais tarde!…
Esperando,
talvez venha logo satisfazer ao vosso desejo e vos dar a minha apreciação sobre
o estado atual da música, e dizer-vos das transformações, dos progressos que o Espiritismo
poderá nela introduzir. – Hoje é muito cedo ainda. O assunto é vasto, já o
estudei, mas me excede ainda; quando nele for mestre, se todavia a coisa for
possível, ou melhor, quando tiver entrevisto tanto quando o estado de meu
Espírito mo permitirá, eu vos satisfarei; mas ainda um pouco de tempo. Se um
músico pode falar sozinho da música do futuro, deve fazê-lo como mestre, e
Rossini não quer, dela falar como um escolar. ROSSINI (Médium, Sr. Desliens).
O
silêncio que guardei sobre a questão que o Mestre da Doutrina Espírita me
dirigiu, foi explicado. Era conveniente, antes de abordar esse difícil assunto,
me recolher, me lembrar, e condensar os elementos que estão sob a minha mão. Eu
não tinha, que estudar a música, tinha somente que classificar os argumentos
com método, a fim de apresentar um resumo capaz de dar a idéia de minha
concepção sobre a harmonia. Esse trabalho, que não fiz sem dificuldade, está terminado,
e estou pronto a submetê-lo à apreciação dos espíritas.
A
harmonia é difícil de definir; freqüentemente, confundem-na com a música, com
os sons resultantes de um arranjo de notas, e de vibrações de instrumentos
produzindo esse arranjo. Mas a harmonia não é, isso, não mais do que a chama
não é a luz. A chama resulta da combinação de dois gases, é tangível; a luz que
ela projeta é um efeito dessa combinação, e não a própria chama: ela não é
tangível. Aqui, o efeito é superior à causa. Assim ocorre com a harmonia; ela resulta
de um arranjo musical, é um efeito que é igualmente superior à causa: A causa é
brutal e tangível; o efeito é sutil e não é tangível.
Pode-se
conceber a luz sem chama e compreende-se a harmonia sem música. A alma está
apta a perceber a harmonia fora de todo concurso de instrumentação, como está
apta para ver a luz fora de todo concurso de combinações materiais. A luz é um
sentido íntimo que a alma possui: quanto mais esse sentido está desenvolvido,
melhor ela percebe a luz. A harmonia é igualmente um sentido íntimo da alma:
ela é percebida em razão do desenvolvimento desse sentido. Fora das causas
tangíveis, a luz e a harmonia são de essência divina; são as possuídas em razão
dos esforços que se fazem para adquiri-las. Se comparo a luz e a harmonia, é para
melhor me fazer compreender, e porque também esses dois sublimes gozos da alma
são filhos de Deus e, por conseguinte, irmãos.
A
harmonia do espaço é tão complexa, tem tantos graus que conheço, e muito mais
ainda que me estão ocultos no éter infinito, que aquele que está colocado numa
certa altura de percepções, está como saído do espanto contemplando essas harmonias
diversas, que constituiriam, se estivessem reunidas, a mais insuportável
cacofonia; ao passo que, ao contrário, percebidas, separadamente, constituem a
harmonia particular a cada grau. Essas harmonias são elementares e grosseiras
nos graus inferiores; levam ao êxtase nos graus superiores. Tal harmonia que
fere um Espírito de percepções sutis, extasia um Espírito de percepções
grosseiras; e quando é dado, ao Espírito inferior se deleitar nas delícias das harmonias
superiores, o êxtase o toma e a prece entra nele; o arrebatamento o transporta
para as esferas elevadas do mundo moral; ele vive de uma vida superior à sua e
gostaria de viver sempre assim. Mas quando a harmonia cessa de penetrá-lo, ele
desperta, ou, querendo-se, ele adormece; em todos os casos, retorna à realidade
de sua situação, e, nos lamentos que deixa escapar por ter descido, se exala
uma prece ao Eterno, para pedir a força de subir. É para ele um grande motivo
de estímulo.
Eu
não tentaria dar a explicação dos efeitos musicais que o Espírito produz agindo
sobre o éter; o que é certo é que o Espírito produz os sons que quer, e que não
pode querer o que não sabe. Ora, portanto, aquele que compreende muito, que tem
nele a harmonia, que dela está saturado, que goza, ele mesmo, de seu sentido
íntimo, desse nada impalpável, dessa abstração que é a concepção da harmonia,
age quando quer sobre o fluido universal que, instrumento fiel, reproduz o que
o Espírito concebe e quer. O éter vibra sob a ação da vontade do Espírito; a
harmonia que este último traz em si se concretiza, por assim dizer, ela se
exala doce e suave como o perfume da violeta, ou ruge como a tempestade, ou ela
explode como o raio, ou se lamenta como a brisa; é rápida como o relâmpago, ou
lenta como a nuvem; é quebrada como um soluço, ou unida como uma relva; é desgrenhada
como uma catarata, ou calma como um lago; murmura como um regato ou ronca como
uma torrente. Ora tem a aspereza agreste das montanhas, ora a frescura de um
oasis; ela é alternativamente triste e melancólica como a noite, jovem e alegre
como o dia; é caprichosa como a criança, consoladora como a mãe e protetora
como o pai; é desordenada como a paixão, límpida como o amor, e grandiosa como
a Natureza. Quando ela está neste último termo, confunde-se com a prece, glorifica
Deus, e coloca no arrebatamento aquele mesmo que a produz ou a concebe.
Ó
comparação! Comparação! Por que é necessário ser obrigado a te empregar! Por
que é necessário se dobrar às tuas necessidades degradantes e emprestar, à
natureza tangível, imagens grosseiras para fazer conceber a sublime harmonia na
qual o Espírito se deleita. E ainda, apesar das comparações, não se pode fazer
compreender essa abstração que é um sentimento íntimo quando ela é causa, e uma
sensação quando se torna efeito.
O
Espírito que tem o sentimento íntimo da harmonia é como o Espírito que tem a
aquisição intelectual; ele goza constantemente, um e o outro, da propriedade
inalienável que amontoaram. O Espírito inteligente, que ensina a sua ciência àqueles
que ignoram, sente a felicidade de ensinar porque torna felizes aqueles a quem
instrui; o Espírito que faz o éter ressoar com acordes da harmonia que está
nele, experimenta a felicidade de ver satisfeitos aqueles que o escutam.
A
harmonia, a ciência e a virtude são as três concepções do Espírito; a primeira
o extasia, a segunda o esclarece, a terceira o eleva. Possuídas em suas
plenitudes, elas se confundem e constituem a pureza. Ó Espíritos puros que as contendes!
Descei às nossas trevas e clareai a nossa marcha; mostrai-nos o caminho que
tomastes, a fim de que sigamos as vossas pegadas!
E
quando penso que esses Espíritos, dos quais posso compreender a existência, são
seres finitos, átomos, em face do Senhor universal e eterno, minha razão fica
confundida pensando na grandeza de Deus e da felicidade infinita que saboreia
em si mesmo, pelo único fato de sua pureza infinita, uma vez que tudo o que a
criatura adquire não é senão uma parcela que emana do Criador. Ora, se a
parcela chega a fascinar pela vontade, a cativar e a deslumbrar pela suavidade,
a resplandecer pela virtude, que deve produzir, pois, a fonte eterna e infinita
de onde ela é tirada? Se o Espírito, ser criado, chega a haurir em sua pureza
tanto de felicidade, que idéia se deve ter daquela que o Criador possui em sua
pureza absoluta? Eterno problema!
O
compositor que concebe a harmonia a traduz na grosseira linguagem que se chama
música; concretiza a sua idéia, ele escreve. O artista estuda a forma e agarra
o instrumento que permite representar a idéia. O ar, posto em movimento pelo instrumento,
leva-a ao ouvido que a transmite à alma do ouvinte. Mas o compositor ficou
impossibilitado de representar inteiramente a harmonia que concebera, por falta
de uma linguagem suficiente; executando-a, por sua vez, não compreendeu toda a
idéia escrita, e o instrumento indócil, do qual se serve, não lhe permite
traduzir tudo o que ele compreendeu. O ouvido é ferido por um ar grosseiro que
o cerca, e a alma recebe, enfim, por um órgão rebelde, a horrível tradução da
idéia nascida na alma do maestro. A idéia do maestro era o seu sentimento
íntimo, embora desvirtuada pelos agentes de instrumentação e de percepção, ela
produziu, entretanto, sensações naqueles que o ouviram traduzir; essas sensações
são a harmonia. A música as produziu: elas são o efeito desta última. A música
é posta a serviço do sentimento para produzir a sensação. O sentimento, no
compositor, é a harmonia; a sensação, no ouvinte, é também harmonia, com esta
diferença de que ela é concebida por um e recebida pelo outro. A música é o médium da harmonia, ela a recebe
e a dá, como o refletor é o médium da luz, como tu és o médium dos Espíritos. Ela a
torna mais ou menos desvirtuada segundo seja mais ou menos executada, como o
refletor devolve mais ou menos bem a luz segundo seja mais brilhante e polido, como
o médium exprime mais ou menos os pensamentos dos Espíritos, segundo ele seja
mais ou menos flexível.
E
agora que a harmonia está bem compreendida em sua significação, que se sabe que
ela é concebida pela alma e transmitida à alma, compreender-se-á a diferença
que há entre a harmonia da Terra e a harmonia do espaço.
Entre
vós, tudo é grosseiro: o instrumento de tradução e o instrumento de percepção;
entre nós tudo é sutil: tendes o ar, nós temos o éter; tendes o órgão que
obstrui e obscurece; entre nós, a percepção é direta, e nada a obscurece. Entre
vós, o autor é traduzido; entre nós ele fala sem intermediário, e na língua que
exprime todas as concepções. E, todavia, essas harmonias têm a mesma fonte,
como a luz da Lua tem a mesma fonte que a do Sol, a harmonia da Terra não é senão
o reflexo da harmonia do espaço.
A
harmonia é tão indefinível quanto a felicidade, o medo, a cólera: é um
sentimento. Não é compreendida senão quando possuída, e não é possuída senão
quando adquirida. O homem que é alegre não pode explicar a sua alegria; aquele que
tem medo não pode explicar o seu medo; eles podem dizer os fatos que provocam
esses sentimentos, defini-los, descrevê-los, mas os sentimentos restam
inexplicados. O fato que causa a alegria de um não produzirá nada sobre o
outro; o objeto que ocasiona o medo de um produzirá a coragem de outro. As
mesmas causas são seguidas de efeitos contrários; em física não é assim, em
metafísica isso existe. Isso existe porque o sentimento é a propriedade da
alma, e que as almas diferem entre si de sensibilidade, de impressionabilidade,
de liberdade. A música, que é a causa segunda da harmonia percebida, penetra e
transporta um e deixa o outro frio e indiferente. É que o primeiro está em
estado de receber a impressão que produz a harmonia, e que o segundo está num estado
contrário; ele ouve o ar que vibra, mas não compreende a idéia que lhe
transporta. Este chega ao aborrecimento e adormece, aquele ao entusiasmo e
chora.
Evidentemente,
o homem que gosta das delícias da harmonia é mais elevado, mais depurado, do
que aquele que ela não pode penetrar; a sua alma está mais apta a sentir;
liberta-se mais facilmente, e a harmonia a ajuda a libertar-se; ela a transporta
e lhe permite ver melhor o mundo moral. De onde é necessário concluir que a música
é essencialmente moralizadora, uma vez que leva a harmonia às almas, e que a harmonia
as eleva e as engrandece. A influência da música sobre a alma, sobre o seu
progresso moral, é reconhecida por todo o mundo; mas a razão dessa influência é
geralmente ignorada. Sua razão está inteiramente neste fato: que a harmonia
coloca a alma sob a força de um sentimento que a desmaterializa. Este
sentimento existe em um certo grau, mas se desenvolve sob a ação de um sentimento
similar mais elevado. Aquele que está privado desse sentimento, a ele é levado
gradativamente: acaba, ele também, por se deixar penetrar e se deixar arrastar
no mundo ideal onde esquece, por um instante, os grosseiros prazeres que
prefere à divina harmonia.
E
agora, se se considera que a harmonia sai do concerto do Espírito, disso se
deduzirá que se a música exerce uma feliz influência sobre a alma, a alma, que
a concebe, exerce também uma influência sobre a música. A alma virtuosa, que tem
a paixão do bem, do belo, do grande, e que adquiriu a harmonia, produzirá
obras-primas capazes de penetrar as almas mais blindadas e comovê-las. Se o
compositor é terra a-terra, como representará a virtude que ele desdenha, o
belo que ignora e o grande que não compreende? Suas composições serão o reflexo
de seus gostos sensuais, de sua leviandade, de sua indiferença. Elas serão ora
licenciosas e ora obscenas, ora cômicas, ora burlescas; comunicarão aos ouvintes
os sentimentos que exprimirão e pervertê-los-ão ao invés de melhorá-los.
O
Espiritismo, moralizando os homens, exercerá, pois, uma grande influência sobre
a música. Produzirá mais compositores virtuosos, que comunicarão as suas
virtudes fazendo ouvir as suas composições.
Rir-se-á
menos, chorar-se-á mais; a hilaridade dará lugar à emoção, a fealdade dará
lugar à beleza e o cômico à grandiosidade.
Por
outro lado, os ouvintes que o Espiritismo terá disposto para receberem
facilmente a harmonia, apreciarão, na audição da música séria, um encanto
verdadeiro; desdenharão a música frívola e licenciosa que se apodera das massas.
Quando o grotesco e o obsceno forem abandonados pelo belo e pelo bem, os
compositores dessa ordem desaparecerão; porque, sem ouvintes, nada ganharão, e
é para ganhar que eles se sujam.
Oh!
sim, o Espiritismo terá influência sobre a música! Como isso seria de outro
modo? Seu advento mudará a arte, depurando-a. Sua fonte é divina, sua força a
conduzirá por toda a parte onde haja homens para amar, para se elevar e para
compreender. Tornar-se-á o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores,
escultores, compositores, poetas, pedir-lhe-ão as suas inspirações, e ele as
fornecerá, porque é rico, é inesgotável.
O
Espírito do maestro Rossini, numa nova existência, retornará para continuar a
arte que considera como a primeira de todas; o Espiritismo será o seu símbolo e
o inspirador de suas composições. ROSSINI. (Médium, Sr. Nivart).
Neste mês de Maio se inicia o seminário entitulado Trabalhadores da Nova Era: Preparando o futuro do Espiritismo cujo objetivo é fortalecer o trabalhador espírita no cumprimento de seu papel na renovação da Terra
INÍCIO: 11 de Maio
🕰 Aos sábados, nas datas especificadas, das 15h às 18h.
📍Em Santo André – Núcleo Espírita O Semeador – Rua Itapiranga 312, Vila Floresta.
✏ Inscrições pelo WhatsApp: 11 99540-2519 ou pelo link:
https://forms.gle/kVocztReN5GqZfQw6
Abraços fraternos,
Realização Equipe Trabalhadores da Nova Era e NE O Semeador
Aproveitamos esse momento para divulgar o evento Academia de evangelizadores promovido pelo Centro Espírita Obreiros do Senhor de São Bernardo do Campo. O tema deste ano Será “Oficina de Valorização da Vida”, com palestra do médico e orador espírita Alejandro Victor Daniel.
🗓 Sábado, 04 de Maio 2019 – das 15h30 às 18h
📌 CEOS – Centro Espírita Obreiros do Senhor – Rua Craveiro Lopes 185, Rudge Ramos, SBC
É com grande alegria que iniciamos as inscrições de mais um Encontro Paulista de Evangelizadores! ☀🌱
Este evento busca reunir evangelizadores de todo o estado de São Paulo para promover o aprofundamento em um tema específico na ação evangelizadora. Teremos oficinas, exposições de recursos e muita troca de experiências.
🔶 Este ano trabalharemos o tema: Parábolas na Evangelização
Ainda contaremos com duas oficinas:
🔸Inclusão: As Sementes Inclusivas com Sônia Hoffmann
🔸Evangelização de bebês: As Primeiras Sementes com Cíntia Vieira
Guarde esta data no seu calendário para não perder este evento!
🗓 Dias: 16 e 17 de março
🕓 Sábado – das 13h às 18h
Domingo – das 7h30 às 13h
📍Local: IEE, Instituto de Educação Espírita,
R. Prof. Atílio Innocenti, 669 – Itaim Bibi, São Paulo
Convidamos você para o evento “Suicídio não. Porque viver é a melhor opção!”
Este evento busca reunir jovens espíritas e seus pais ou responsáveis de São Bernardo do Campo e região para promover reflexões em torno de um tema tão preocupante e atual em nossa sociedade, que é o suicídio. Buscaremos compreender essa questão a luz da doutrina espírita num dia repleto de atividades, oficinas e momentos artísticos.
Para o público adulto haverá uma palestra especial com a palestrante espírita Deusa Samú.
🗓 Data e Horário – Neste Domingo, dia 10 de Fevereiro, das 8h às 13h (haverá café da manhã no início do evento).
📍 Local – Centro Espírita Maria Amélia – Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2295, Jd. Belita, São Bernardo do Campo – SP
Você pode realizar sua inscrição gratuita agora mesmo, pelo formulário online através do link: